quarta-feira, 18 de novembro de 2020

NOVEMBRO DE 2020 PÃO DE AÇUCAR / ALAGOAS ( P 000 27 )




Os mestres no "Rio de Cima"


Segundo Pedro Amorim – já falecido – seu pai foi contratado para construir uma canoa de tolda no Médio São Francisco onde a embarcação recebeu o nome de Sergipana. Também foram muitos os mestres que foram para o “Rio de Cima”, como é chamado o Médio São Francisco, e não mais voltaram para o Baixo São Francisco porque, em 1960, a construção de grandes embarcações nessa região já dava sinais claros de declínio após o surgimento do caminhão, reforçadas pelo advento das estradas ligando as micros regiões. Dessa forma os pedidos para novas construções ou reformas de embarcações foram diminuindo e o ofício de Mestre Naval passando a ter menos interessados na arte. De mais de quarenta na época passou a registrar contados seis ou oito. Atualmente registra-se um número considerável de pessoas que dominam a técnica, entretanto, esse número começou a crescer com o surgimento de novos aprendizes que assim o fazem por gostar da arte, admiração ou por questões de ofício mesmo e necessidades. Seja o que for, há o que comemorar.

http://www.clicksergipe.com.br/entretenimento/23/21712/tradicao-de-construcao-de-barcos-no-baixo-sao-francisco-se-mantem-viva.html







Dificuldades de novos aprendizes


No momento atual vive-se a era da tecnologia. Cada dia mais somos dependentes dela. A tecnologia móvel facilita a vida com um clique na palma da mão. Os jovens por suas vez são os que mais aderem à elas buscando percorrer outros caminhos. É nessa linha de pensamento que Mestre Bolo relata: “Hoje os jovens não querem saber de aprender o ofício. O negócio é celular conectado na internet [...].”. Bolo tem razão ao expressar seu pensamento em relação à juventude e nesse contexto iremos observar que, se antes os motivos para a continuidade do oficio eram a escassez de trabalho, hoje ela passa ser cultural e intelectual, ou seja, o estado de “ebulição” do mundo em constantes mudanças imprimem novas visões de mundo, oferecendo oportunidades e caminhos a seguir e a falta de investimento no espaço da Cultura. Traduzindo seria: nenhum jovem tem interesse de manusear um serrote ou plaina se um celular na mão pode lhe condicionar à novas oportunidades e melhor condições de vida. É um processo natural. O que fazer? É nesse campo que entra em ação a Cultura, a História, Arqueologia e Políticas Públicas. O interessante seria manter viva, através de incentivos culturais, a tradição e conhecimento de como eram construídas as embarcações. Seria um resgate histórico e cultural e assim manter viva essa parte da identidade do povo do Baixo São Francisco. Mestre Bolo vem fazendo isso sem saber.

http://www.clicksergipe.com.br/entretenimento/23/21712/tradicao-de-construcao-de-barcos-no-baixo-sao-francisco-se-mantem-viva.html
















 

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